escritos luis mateus


Luis Miguel Neves Mateus - Escritos


ano: 2023


Uma almofada limpa branca e honrada!


Dizem que sou pessimista insolente,
frio e quente estranhamente!
Dizem eles,
que tenho orifícios cerradpos,
cada vez menos comum,
menos amante,
menos gente,
quase um.

Não vislumbro calos nem velhas enxadas,
nem rugidos de peitos nem santas palavras,
antes lanças, esterco, alçapões e armadilhas
vindos de gravatas e bigodes pavões
ou decotes de galinhas
que nunca chegarão a mulheres!
Comem tudo e cospem e berram
e rezam sempre ao mesmo Deus
que já não lhes recebe carta nenhuma!
Enxergo gemidos, línguas bifurcadas,
fisgas altruístas e pedras arremessadas
como a d’alguns poetas
que pagam pra serem lambidos e percebidos
porque as suas façanhas são afinal amendoins
que o povo iletrado come alegremente
com os dentes do siso engolidos à décadas

Já ninguém gosta da lua,
da solitude do algodão e da chuva
ou de uma almofada limpa branca e honrada!




Uma gaveta maltratada

Costumávamos ser polivalentes como um albatroz é lá no mar,
donos de narinas formidáveis, que até sentiam o sal a sair da água!
Um cravo vermelho e uma orquídea encarnada,
como poderia a nossa glória não cheirar bem?

De olhos inchados maiores que as cabeças,
duas flores lacrimejam moribundas numa gaveta maltratada!
Um mar de cinzas ali guardado!
Memórias salgadas de um borralho escaldado vezes sem conta!
Na catacumba da gaveta,
um tiro no pé,
um suicídio escolhido.

Dizem que faz frio antes da partida,
que se ouvem sarcasmos no riso de hienas!
Já não ouço hienas ou lobos quando estou com frio,
mas o frio impede-me de negociar qualquer troca de cadeiras.

Perdemo-nos!
Talvez mais eu do que tu!
Eu, porque pus uma história em suspenso
e tu, porque podias ter esperado por ela!
Sinto-me amaldiçoado como um lobisomem que procura a tua carne,
mas que tem de fugir das balas de prata!
Ainda nos seguro como um noviço segura uma arma, sabes?
O meu lado da história diz que errei, e o teu?
Queria ver o fim contigo!
Nunca mais usar “rendição” como palavra do nosso léxico!
Seres a mais amada da nossa espécie!
Quem sabe um dia nos possamos perdoar, amadurecer e juntar,
talvez como irmãos nascidos no mesmo dia
sob a forma de um amor menos mordido pelas urtigas.




Pedido de casamento

Ó Cristo, vêm cá ver isto:
Um beijo roubado
e um pedido de casamento
meio doce, meio salgado,
sem dó nem fundamento,
sem anel ou noivado,
como um beijo ao vento
apaixonado!
Uma pitada de violento
e duas ou três de imprevisto!
Não achas, ó Cristo?





ano: 2022


Carta a Sophia...

Olá meu amor, como estás?
Eu cá vou indo, à procura de uma cadeira melhor pra suportar as esperas da vida,
enquanto invoco a minha missão cá na terra: ser e fazer quem amo, feliz!
Nos intervalos, como sabes, tenho bordado tulipas e seixos em fragmentos de prosa, como estas letras que te escrevo...
Senta-te amor, porque a leitura vai ser longa.
Porque me vergo à tua altura pelo tamanho que te reconheço, quero dizer algumas palavras ao Cravo Vermelho mais lindo que conheci!
Dizer-te assim, sem valsas introdutórias, brandy ou velas de cheiro, sem nada além da única temática: nós! Que és e sempre serás a mulher da minha vida!

Uma história de amor...
Todas têm um primeiro dia, um primeiro beijo, amor, céus estrelados, querelas ou mesmo crispações do tamanho de um urso pardo zangado!
Enfim, páginas de todas as cores...

O início…
Quando te viu, o meu léxico, de corpo avantajado, não te conseguia descrever...
Como renovar uma gramática com adjetivos insuficientes?
Eras dona de um padrão de beleza algures entre o improvável e o perfeito!
As tuas conformidades acima dos padrões eram evidentes!
Impressionante a fluidez do entrosamento sem um parágrafo de monotonia sequer!
A tua prosa, altamente literária, casava tão bem com a minha!
Fiquei rapidamente preso em arame muito farpado, o teu!
Exibias um intelecto viajado, olhos claros e sutis, silenciosos, arrogantes e de maquilhagem discreta, porque dela não precisavas.
Eu era atrevido, como quem ostenta um bigode de pontas levantadas, e tu, sempre com as vestimentas corretas em pernas irrepreensíveis, atrevida te apresentavas!
Via-se que eras treinada na arte da sedução e combates amorosos.
Uma flor que sabia cortejar quando era cheirada!
Esperava-te desde os tempos em que te sonhava no útero da minha mãe.
E foi então que os astros conversaram e conspiraram a meu favor.
Como em qualquer primeiro encontro, avaliei o livro apenas pela capa!
E que bela capa o livro tinha!
Amei o teu cabelo de lã de cordeiro, perfume de magnólia que inflamava cordas de seda no volume.
Olhos grandes, cavados prodigiosamente, com uma mímica pestanejante que ofuscava! Cosméticos não usavas, talvez por teres sido ungida por Deus à nascença.
Maçãs do teu rosto, um acervo de massa e veludo que pedia carícias ao meu polegar.
Um sorriso de porcelana, ditador, místico e patrão.
Dentes cândidos compunham a tua imagem de marca: um sorriso largo.
Também portento, na carne e nos sapatos serenos como os detalhes.
Um estoiro para os sentidos!
Como é que eu, que nunca fui de deixar que me apontem direções, fiquei ao mesmo tempo atordoado e inquieto como um touro imaturo?
Ah, se tivesse que te desenhar a lápis de carvão, serias um louva-a-deus em honra ao teu corpo alongado e belo como o do animal.
Como te via:
Uma fenda aparada à espera de ser atestada, um punhal;
Uma sorriso branco à espera de ser vestido, uma língua;
Um tronco desprovido à espera de ser lanhado, colisões!
Davas-me sede!
Tinha de te provar como se provam os vinhos exorbitantes.
Ah, aquele vinho que era tão superlativo como tu!
O vinho que levei no dia em que as nossas intimidades se conheceram!
Desejava-te como o tubarão e o vampiro desejam sangue!
Mas que calvário dos infernos era este?
Entre cada pestanejar, tinha cinco pensamentos pecaminosos!
Era estranho.
Tu que tinhas uma tal graça, um tal intelecto, um tal bocadinho de tudo, não te julgava um cisne assim tão assassino, tão perfeito, tão apurado e tão saboroso!
Sobre todas as superfícies, lábios conjugavam e sugavam verbos lentos e suculentos.
Línguas soltavam confissões homólogas entre palavrões e palavrinhas de amor...
Dedos precipitavam hematomas enquanto dentes serravam outros dentes e ventres lançavam fogo-de-artifício de meia em meia hora! Parecia ano novo!
Um entrosamento digno de vitrines e postais!
A paixão inicial foi isto: querer fazer amor contigo até que os meus ossos fizessem barulho, até que a noite, em frangalhos, implorasse ao dia pra começar o seu turno!

Cimento era então despejado no nosso começo...
As manhãs nasciam todas num céu satisfeito e promissor...
Percebo que além de formiga-rainha, também és obreira, pelas mãos rasgadas por horas feitas além das que te cabiam, assim como eu.
Perguntei-me: “O que te move ao final do dia? Um homem virtuoso ou sapatos extravagantes?”
A tua alma respondeu: “o coração, as pessoas e um lar”. Encantado!
Eras diferente das outras cores, de brilho sereno e acima de qualquer círculo cromático que a minha retina já degustou!
Eras amiga do próximo, genuína na essência, alegre e parvalhona, como eu!
Tanto do que pedi a Deus! Impressionante a minha sorte!
Tinha à frente artesanato sóbrio e refinado!
“Em que oficinas se fazem cerâmicas destas?” - perguntava aos meus botões...
Oh heroína, mas como deixá-la?!
Fiquei apaixonado!
Sentia-me como Alexandre o Grande, bêbado, mas capaz de conquistar o mundo!
Desejava-te, como as lagartixas estacionadas em varandas soalheiras desejam o sol.
Perto um do outro o suficiente, era não haver um átomo sequer entre nós!
Só apetecia ficar ali juntinhos como grãos em silos, lembras-te?
Um poema de amor começava então a ganhar forma.
Foi assim que me apaixonei...
Picadas de abelha, quem sabe mais tarde, favos de mel.

Paixão e amor. Que diferenças?
A paixão é despique, pressa e cegueira.
Uma moeda de dez centavos atirada ao ar, à espera de saber o desfecho do fascínio.
É apetecer endereçar um grito de felicidade a todas as entidades do universo!
A paixão é como um objeto pra chutar e ver onde o pontapé nos leva. Já o amor vem de um pontapé certeiro!
A paixão é uma composição que duas crianças escrevem desenfreadamente enquanto o amor é poesia proferida com letras imperfeitas.
O amor é perdulário, sereno e uma bengala. Uma pepita de ouro num cofre, protegida por um castelo e dois soldados.
Amor é uma oferta que surge da paixão ou amizade, de um ponto apagado ou da chama acesa.
A paixão acende, o amor vai pondo combustível.
O amor pede um lar são e atlético, e isso vem da habilidade de correr maratonas, não curtas distâncias!
Amor é sol que nunca morre, é passear pela vida, como o sol caminha no horizonte enquanto zela pela lua, antes de se pôr.
Quando uma paixão lança sementes longe o suficiente lá para cima, para o cume das coisas com futuro, o amor acontece, puro e branco como gelo do pólo norte.
Ao invés...
Se a paixão é apenas fogo e repositório de luxúria, a terra onde se queimou o mato não serve mais para semeadura.
Resumidamente, a paixão é uma solução de benzeno à espera de ser incendiada por amor ou corvos a depenarem-se.
Uma incógnita portanto.
“Seremos flores pra envelhecer no mesmo vaso?” - Perguntei-me.
A porta para o amanhã é uma porta incerta e o transpor da soleira um bosque por explorar e por isso arrisquei, pedindo-te exclusividade.
Foi selada por um anel. Um metal raro assim como tu, que dizia ‘amo-te’ em todas as línguas!
Não aceitaste menos e não precisaste de mais! Já o esperavas.
Era o início de uma nova era.
Um passo a mais na nossa história, num enredo cada vez mais denso.
A exclusividade deu-me poder e confiança!
Senti-me vaidoso e sem medos, como formigas que exibem o seu poderio militar ao mundo.
Uma esfinge em nosso nome assinalou então uma possibilidade: metamorfose.
Uma espécie de fusão de almas a dar os primeiros passos.
Dias inesquecíveis não foram amor?
Que paixão acentuada tivemos!
Foi cegueira, como quem vê aderência no azeite ou esperança num alçapão;
Febre e intensidade, como um tornado num galinheiro apertado;
Um conto de fadas, algo como um paraíso e duas pessoas com medo que o céu fuja;
Resumindo, a paixão foi tonta e sem medida!
Mais tarde, foi amor...
E o amor, o que significa?
É zelo, como quem mapeia um caminho com um colete salva-vidas;
É respeito, porque vergões nos braços são consequências da coragem;
É admiração, porque quando ela se perde, perde-se tudo;
É perdão, tão somente o substantivo mais importante do verbo amar;
É comunhão, como quem partilha o alívio de não chorar sozinho,
E é intemporalidade, porque amor verdadeiro não é transitório, é intemporal...
Parecíamos predestinados, protegidos pelo universo que uniu forças para nos juntar e quem sabe até casar.
O barco parecia ser forte. O porto, seguro. O mar, agitado à noite e calmo nas horas restantes.
O céu parecia não ter reticências!
As ondas, pelo caminho, falavam umas com as outras e diziam que a noiva ia linda, o seu par, airoso e que no casamento serviriam favas contadas...
Fui ao sexto planeta a contar do sol roubar um dos anéis de Saturno para depois fazer um pedido daqueles ajoelhados, na cidade das luzes, da Torre Eiffel e do amor.
Dia do enlace. Um céu perfeito como tu.
Dia solarengo em que o mundo explodiu em cores quando te vi!
Estavas um degrau acima de perfeita no vestido, tão bela e suntuosa como o teu caráter altivo.
Cinquenta grilos romperam orgulhosos da escuridão, e à nossa volta acenderam cinquenta velas.
A lua e o fogo-de-artifício cruzaram o céu devagarinho, abençoando um casal recém-nascido.
E o vento… o vento sorriu à lua que escapou, pé ante pé, para não perturbar tal união.
Uma nova estrela cor de ameixa nasceu no céu em nossa homenagem...

União sem tropeços não se pode chamar de casamento...
Quem não os tem que atire a primeira pedra!
Quem nunca foi picado pelo mosquito rotineiro, que tenta minar todos os amores perfeitos?
A nossa cozinha também já foi desordem de frascos, colheres de pau e loiça por lavar, mas o que importa é aprender com os percalços e seguir em frente.
É assim que cozinham sábios em cozinhas onde se cozinha com amor!
Nunca tivemos problemas conjugais, daqueles fatais e com mais de nove andares de altura, no entanto ambos tivemos falhas.
Perdoa-me os erros, as vezes em que fui apenas suficiente e a falta de sabedoria nas horas mais importantes, assim como eu te perdoo as faltas.
As vezes em que te disse adeus, eu quis dizer não vás.
Dizer-te que por vezes não soube ler as tuas entrelinhas nem as minhas.
Perdão por isso.
Reconheço: tenho cinco vezes o tamanho do sol em melhorias para fazer...
Que erros e batotas sejam degraus de aprendizagem e depois… depois que sejam colocados na caixa dos assuntos resolvidos e arrumados.
Adiante...

Quando penso em nós meu amor...
Uma planície demorada, pena perpétua;
Uma planta e um feto, cuidar;
Café em cima do fogão, uma confeitaria;
E um ninho de serapilheira, elementar!
A alcova do meu peito, o teu quarto favorito;
O teu cabelo, o recreio dos meus dedos;
A cama, um mar de conchas todas as noites;
Uma tela tua, pintura que supera Renoir;
Tu, um céu divino. Eu, quem a ele se curva...
Se eu não fosse humano, seria talvez uma verdura.
Seria uma rúcula de sabor intenso, picante e amargo como as horas em que não estás e tu se calhar uma alcaparra!
Tão bem que uma alcaparra te descreve: talos espinhosos e afrodisíacos, flores brancas como as coisa puras e ainda por cima dizem que estimula o apetite! Tão tu!

Se não te pudesse ter...
Seria como alguém traçar o meu peito com uma espada, como quem encerra todos os livros que li e a minha habilidade de ler até...
Como descrever um momento destes?
Talvez ficasse com o coração despedaçado e partes dele morreriam, enquanto outras iam tentando o suicídio certamente...
Talvez a minha respiração ficasse presa a uma sentença de morte por anos.
Talvez sentisse a carne a desprender-se dos ossos enquanto definhava aos poucos.
Se calhar caia mesmo em desgraça como um sol que se põe em descrença pela última vez.
Talvez me nascessem garras, farpas, coisas que ferem e talvez por isso não quisesse ser adubo no jardim de mais ninguém!
Talvez o rosto se acinzentasse ou embranquecesse.
Talvez ficasse envolto numa espécie de ecologia facial morta. Sem cor, credo, fé ou vida, como os fogos extintos.
Talvez mirrasse na generalidade.
Amar também é deixar ir...
E deixar ir pode ser amar como quando não fazer nada é um tipo de ação.

O que desejo...
Quero perfilhar todos os teus voos e quedas, como dizem os padres que se deve fazer na saúde e na doença.
Quero cozinhados eternos feitos no nosso fogão barrigudo.
Ser o teu companheiro de galhofa enquanto se bebe um vinho daqueles bons e que batem nas cabeças.
Que sejamos sempre poesia antes e depois do meio-dia e diabrura depois da meia-noite.
Que cada novo dia contigo, seja um tijolo comprado.
Quantos serão necessários para construir uma casa?
Uma casa, serão tijolos correspondentes ao tamanho idealizado. Depois é haver amor e poesia lá dentro.
Um lar precisa de tijolos infinitos. Eternos, como o zelo que um lar pede.
Um lar requer manutenção, acrescentos, alpendres e cuidados novos conforme os velhos se constipam, porque amor não é dizer, é agradecer, retribuindo...
Que seja inquebrável o vínculo do equilíbrio místico entre as nossas polaridades...
Que sempre exista afinidade entre o dividendo e o divisor. O quociente somos nós, e o resto do tempo e do mundo será nosso por consequência.
E como nisto do amor, não há garantias nem matemática, arrisco-me a dizer que o nosso amor é para sempre, se sempre se vai aprendendo alguma coisa...
Aprender. Do que estarei a falar?
Meter agulhas e tesouras na caixa da costura, que é onde essas coisas que ferem devem estar;
Talvez pó e nódoas sejam mais fáceis de varrer e quem sabe já não existam tapetes que os acolham;
Talvez frutas cítricas, bebidas do mesmo copo, sejam suficientemente doces para carregar penas leves;
Birras deverão perder a habilidade de subir degraus dois a dois, e talvez sejam só isso: cismas fugazes!
Talvez verdades sejam milagres comuns num dia-a-dia que ri das mentiras dadas numa idade antiga;
Talvez andar à chuva não seja grave, talvez haja só gargalhadas e pés molhados;
Rios, assim como estradas, deverão ser de sentido único e ter uma única margem, aquela onde está a fortaleza e o farol;
Oxalá dinheiros não consigam curar amores doentes nem comprar céus estrelados;
Que não hajam desertores só porque as horas estão gastas. Gastem-nas em diálogo;
Enfim, que não se perca tempo em futilidades porque o tempo é finito e que se perceba que o truque da vida é acreditar, crescer e amar.

Como nos vejo daqui por vinte anos:
Quero ter educado bem a minha descendência;
Poder dizer que por eles e por ti, lati e rosnei;
Que fui colete salva-vidas, ombro, calor, luz e legado transmitido com orgulho;
Que usei sapatos a precisar de serem deitados fora, para que outros tivessem oito pares;
Quero que tenhamos feito pelo menos metade da nossa lista das ‘coisas a fazer antes da última taça de vinho’;
Quero ter sido admirado pela essência, coração e cabeça que tive, não por futilidades;
Ter a noção que fui mais imperfeito do que uma bolota, mas que tentei ser o melhor de mim, enquanto amei, perdoei, ajudei e construí;
Quero poder dizer que nada além de ti, teve o dom de nos abalar;
Que fui cimento que une. Que por ti nunca hesitei molhar pés, mãos, o corpo todo;
Que nessa altura possamos dizer que soubemos lidar com uma das coisas mais frágeis que conheço: o casamento. E que o conto de fadas mais presunçoso se roa de inveja da nossa
história e a ela se curve;
Quero que possas dizer que tenho sido um bom companheiro, pai, avô e restantes graus de parentesco;
Quero, com um andar de galo e peito saído, dizer ao mundo que não podíamos ter sido mais felizes!
Enfim, adorava um dia assistir à longa-metragem da minha existência e ter gostado de quem fui.
E depois, um dia, quando conhecer o criador, que ele me diga, que apesar de muito ter errado, que fiz um bom trabalho cá na terra...

Sabias que Cravos Vermelhos significam respeito, amor e admiração?
É por isso que és e sempre serás o meu Cravo Vermelho.
Que sempre sorrias, quando sacudires o pó a esta carta amor...
Que acredites na possibilidade de alcançar o monte Olimpo, o cume da fortuna e das histórias que correram bem...
Estou agradecido por saber o que é amar e ser amado.
Grato por ter sido escolhido para erguer uma civilização à tua beira e poder dizer que vivi plenamente e amei verdadeiramente.
Tão certo como uma folha de alface amar a chuva, te digo: amo-te e sempre te amarei.
Que tenhamos uma boa viagem.
Mil beijos meu amor.




Tela inacabada

Que noite! Que noite tão bela!
Duas almas que se fundem e a saudade que se esfarela…
Um pacto com a força de mil universos!

A tela inquieta e o pincel insatisfeito,
Sendo partes do mesmo desenho,
São carne, peito do mesmo peito,
Porque mesmo sem te ver, eu te tenho
E tu me tens, sem me ter no teu leito!

Nada nos belisca meu amor,
Nem sequer a ausência,
Porque em paz e sem dor
Nos basta a mera existência!

Precisamos de tão pouco!
Talvez um quase nada de condimento
Pra temperar amor com um tal vento,
Uma tal brisa, que só com o olhar
Sabe o que é ser amado e amar!

Um dia amor, havemos de ser invencíveis,
Nem que seja debaixo da terra!
E se assim tiver que ser,
Em rotação universal, rodaremos para sempre
Virados para Deus, em agradecimento…



Autor do Conteúdo...

Luis Mateus. "Escritos de Luis Mateus", https://melhores-sites.pt/escritos-luis-mateus.html / Acedido em: 2023, Outubro 15. © Carpeus

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